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A Minha Interpretação Pessoal de “Se Eu Morrer Novo” de Alberto Caeiro

Em continuação com o artigo anterior, que foi o meu décimo primeiro artigo sobre Fernando Pessoa aqui neste blogue, continuo agora com Alberto Caeiro. E querendo fazer disto uma coisa sequencial acho que não me apetece muito escrever introduções genéricas de cada vez, e apetece-me antes escrever assim, como que de improviso... Até porque já não estou na escola, não faço isto como trabalho de casa, não estou à espera de receber uma avaliação nem de impressionar uma professora. Só estou à espera de escrever só mesmo porque sim, como que para relembrar e quase que para celebrar, agora que já não tenho os mesmos livros de Fernando Pessoa e já nem sequer estou na escola. E quanto a isso talvez o pensamento ocorre-me porque esta coleção de livros em particular, daquele heterónimo que Pessoa considerava o mestre, adquiri-o mesmo antes de começar a universidade, talvez duas ou três semanas antes, e por isso é que eu agora aqui, tão incapaz de pensar numa introdução para este artigo, não penso em muito mais do que isso, na sensação nostálgica de que os sublinhados num livro do qual já me desfiz são mais reais do que as teclas que pressiono neste preciso momento... porque sentir é estar distraído, e não é procurar pelo que haverei de escrever.


Se eu morrer novo,
Sem poder publicar livro nenhum,
Sem ver a cara que têm os meus versos em letra impressa,
Peço que, se se quiserem ralar por minha causa,
Que não se ralem.
Se assim aconteceu, assim está certo.

São duas as coisas que nos saltam logo à vista – a primeira é a de que este poema é talvez mais longo do que aquilo a que estamos habituados, ou de que me lembro, de Caeiro, que foi sempre um poeta breve e simples, e a segunda coisa é de que também os versos são longos, uns mais do que outros, ignorando completamente o esquema sóbrio e bem medido de Pessoa ortónimo e de Ricardo Reis também. Agora quanto ao conteúdo ele é introduzido também de forma breve e quase que direta, sem rodeios nem preâmbulos. O poeta preocupa-se com a sua morte súbita, e mais do que isso, com o seu legado. A única coisa que lhe vem ao pensamento são os versos, que ele descreve não como tendo beleza ou filosofia, mas sim uma cara, quase como se não achasse por bem devanear por entre palavras mais complexas do que essa. Porque os seus versos são sempre simples, quando pensados são o que são, em toda a tautologia simples de não terem verdades ocultas, e quando impressos são o que são também, e só têm uma cara porque quando olhamos para eles também eles olham para nós... E se ninguém olhar para eles também não faz diferença.

Mesmo que os meus versos nunca sejam impressos,
Eles lá terão a sua beleza, se forem belos.
Mas eles não podem ser belos e ficar por imprimir,
Porque as raízes podem estar debaixo da terra
Mas as flores florescem ao ar livre e à vista.
Tem que ser assim por força. Nada o pode impedir.

A falta de preocupação da parte do poeta é aqui explicada através de uma espécie de apreciação estética do valor das coisas em si. Ou seja, a beleza dos seus versos não seria para ele dependente da apreciação das pessoas, seria apenas existente em si mesma ou não, independentemente de quem leia. Parece então que para Caeiro a beleza da arte é objetiva, independente de quaisquer outras mentes que a percecionem, sendo que o seu valor está em si tal como o valor de tudo no mundo está em si. O conforto dele em relação ao seu legado é então assegurado pelo mesmo panteísmo que envolve todas as suas crenças, e os seus versos seriam tão belos ao mundo mesmo que o mundo nunca os tivesse vindo a descobrir. Por sorte, ou por uma lógica tão inevitável como o florescer das flores, os seus versos acabaram por se tornar de facto reconhecidos por toda a gente, ou pelo menos por toda a gente da sua pátria, que ainda hoje olham para a cara destes versos reconhecendo nela toda uma verdade íntima que ainda hoje nos é valiosa, tal como o será para sempre.

Se eu morrer muito novo, oiçam isto:
Nunca fui senão uma criança que brincava.
Fui gentio como o sol e a água,
De uma religião universal que só os homens não têm.
Fui feliz porque não pedi coisa nenhuma,
Nem procurei achar nada,
Nem achei que houvesse mais explicação
Que a palavra explicação não ter sentido nenhum.

A ideia de infância é já muito conhecida a quem lê Fernando Pessoa, é aquele tempo da sua vida em que ele foi feliz por não ter tido consciência de ser ou não feliz, por ter sido apenas simples e como que instintivo. E embora eu próprio fale no panteísmo de Caeiro parece agora que ele me contradiz, ou então que os termos são quase que contraditórios, porque para ele o sol, a água e as crianças que brincam são descritos como gentios, como que a insinuar que não têm religião mas que de facto têm uma religião sim, só que é uma religião universal que não pertence aos homens, ou presumivelmente não pertence às pessoas adultas. Para ele ser criança parece ser então como que um estado de proximidade com a natureza, parece ser uma altura das nossas vidas em que brincamos só por brincar, tal como o sol brilha só por brilhar e a chuva cai só por cair. Parece que o fazemos porque está na nossa natureza fazê-lo, enquanto que na idade adulta estamos distantes, procuramos saber a razão das coisas, procuramos relembrar o passado e antecipar o futuro, queremos sentir tudo de todas as maneiras e é essa a causa de todo o nosso transtorno. A solução seria não querer nada, seria meramente, como diz o povo, deixar andar... mas só mesmo porque sim, com a confiança de que as coisas não são mais do que a sua própria cara.

Não desejei senão estar ao sol ou à chuva –
Ao sol quando havia sol
E à chuva quando estava chovendo
(E nunca a outra coisa),
Sentir calor e frio e vento,
E não ir mais longe.

Esta estrofe, e mais à frente a última, iniciam com uma aparente evidência de conflito em Caeiro, porque afinal ele até pediu ou quis ou procurou alguma coisa, porque desejou estar ao sol ou à chuva, ou seja, desejou experienciar a natureza. No entanto não desejou mais do que aquilo que a natureza, por natureza, tinha a oferecer e apenas quando ela tinha a oferecer. Neste sentido, Caeiro sempre se manteve submisso à leis da natureza, talvez em grande medida porque ele próprio se vê como parte intrínseca da natureza, e nunca como uma coisa alternativa a ela. Esta ideia de separação, de incapacidade de sentir as coisas em si, esta coisa estranha de se sentir como completamente à parte, isto pertence aos outros heterónimos e não a este. Assim sendo, a vida das flores acontece só porque tem de acontecer, tal como o sol brilha só porque tem de brilhar, e a chuva chove só porque tem de chover, e o poeta é só porque tem de ser. A solução de Caeiro parece então ser descobrir-se a si mesmo em perfeita continuidade com o mundo e tudo o que nele existe, e nunca como um eu à parte do mundo, algo que em todo o Pessoa é recorrente, mas mais do que isso, é algo que parece inerente a todo o existencialismo, no qual, pelo menos na minha opinião, nasce o pessimismo.

Uma vez amei, julguei que me amariam,
Mas não fui amado.
Não fui amado pela única grande razão –
Porque não tinha que ser.

Aqui o poeta escreve algo semelhante a um aparte mas parece presciente. Por um lado porque alude de novo à ideia de legado, que para a maioria das pessoas seria os seus filhos, e por outro porque alude a uma coisa universal, não só para todos os poetas e pintores mas também para todas as pessoas. Este aparte seria quase que causa de tristeza, seria a ausência de uma Lídia que Reis tem na sua vida, mas da qual se afasta de livre vontade pelos seus motivos de evitar o sofrimento futuro. No entanto, para Caeiro não parece ter sido uma escolha, nem consciente nem outra coisa qualquer, tanto para um lado como para o outro. Além disso, a despreocupação para com o reconhecimento dos seus versos parece contrastar com a possibilidade de ele ter sido amado, parece contrastar essencialmente o amor de toda a gente com o amor de uma só pessoa especial... Para ele, felizmente ou não, parece não ter acontecido nem uma coisa nem outra. Ele viveu uma vida simples, sentiu as coisas que teve de sentir, viu aquilo que as leis da causalidade colocaram à sua frente, e quanto àquilo que as leis não colocaram à sua frente ele não sentiu falta. É quase um lamentar pela vida, é quase olhar para trás e pensar em tudo o que poderia ter sido diferente se ele tivesse percorrido um caminho em vez doutro... Mas Caeiro recusa-se a entrar por esses caminhos, esses labirintos da mente no qual Fernando Pessoa fez a sua casa.

Consolei-me voltando ao sol e à chuva,
E sentando-me outra vez à porta de casa.
Os campos, afinal, não são tão verdes para os que são amados
Como para os que o não são.
Sentir é estar distraído.

A primeira palavra desta estrofe é aquela que referi como evidência de conflito, porque se Caeiro nunca entrou em desassossegos então porque é que teve necessidade de se consolar do sofrimento de não ter sido amado ou reconhecido pelos seus versos, ou por não ter recebido da vida nada mais do que o sol e a chuva? Por um lado vejo isto como um eco de Pessoa e dos outros heterónimos, como se embora Caeiro fosse sem dúvida o mais pacífico, existem ainda ecos de desassossego nos seus versos. Só que também por outro lado posso estar a exagerar imenso nesta primeira palavra, e ela afinal não signifique mais do que encontrar conforto nas pequenas coisas do mundo... E essas pequenas coisas são outra vez o sol e a chuva, que o poeta sentiu na pele mas também nos olhos enquanto apenas as via a partir da porta de sua casa, indicando que até à distância Caeiro não teve aquela mesma incapacidade de sentir de Pessoa. E talvez a única questão que colocou a si mesmo foi se em tudo aquilo que viveu, tudo aquilo que sentiu, tudo aquilo que lhe aconteceu e o que nunca lhe aconteceu... fez ou não fez diferença? Para ele a resposta parece ser não, aludindo para uma continuidade da natureza, que permanece tão verde para toda a gente, para os felizes e os infelizes, até porque em tudo o que nos acontece, a única verdadeira forma de sentir é estar distraído... Tudo o resto é estranho, é estar um bocadinho atrás ou um bocadinho à frente, é passar a vida inteira a perseguir as sensações como quem persegue um vício. E por isso é que Caeiro nunca perseguiu nada, e só quando deixou de tentar é que se apercebeu de que conseguia mesmo sentir.

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