Paulo Seabra

Ever since starting this here blog I've alternated my publishing schedule a bit. For the longest time I had this weird OCD impulse to upload a set number of articles a month, including this now past year, during which I made it my mission to upload three articles a month. Now I'm changing my mind and I'm gonna let go of those neat impulses to instead publish more randomly, whenever an idea comes to mind and I write it down and I feel it's nice ready to be shared. So this post sounds a lot like it should be under the Blog News tag, but it isn't because of the main reason why I'm letting go of my three or four or six articles a month schedule – because I'm writing a new book. I've never done this before because my first two books were finished before I started my blog, and my third one was started way before I even had any ideas to write a blog. But with this one it's different because I've done quite a bit of writing by now, and I don't plan...

Ainda assim, quero ser feliz, mesmo entendendo toda a realidade como incoerente com os desejos dos seres humanos, dos quais, infelizmente, eu faço parte... Sim, mesmo assim quero ser feliz, mas e se fosse? E se a partir de agora aparecesse na minha vida tudo aquilo que quero? Se eu tivesse agora uma casa grande e bonita só para mim, tão calma e sossegada, ficaria eventualmente aborrecido. Não teria qualquer interesse ou vontade em a manter bonita, e o sossego azul de estar sozinho eventualmente tornar-se-ia mais do mesmo, dia após dia após dia, e talvez de noite eu quisesse abdicar de qualquer sossego em troca de alguma companhia. Se eu tivesse agora um bom emprego, algo no qual me sentisse confiante e útil para com o mundo, porque produziria algo mais relevante do que os meus livros, ficaria frustrado ao fim de duas ou três semanas, ou talvez nem isso, porque a ideia de ter de acordar todos os dias à mesma hora e deslocar-me ao mesmo sítio e fazer a mesma coisa para o resto da minha v...

Se fosse para te falar agora mesmo, o que poderia dizer? Começa pelo início, digo eu a mim mesmo, mas o início é o quê? Não tive uma vida triste mas nunca tive um dia feliz. Procuro pelas minhas memórias mais antigas mas a própria procura escapa-me, e não consigo viajar mais longe do que o início do primeiro semestre. Como é que terá sido esse tempo para ti, pergunto-me... Eu lembro-me de encontrar o sol matinal no meu quarto, quebrado em mil raios pelos ramos de uma árvore à janela cujas folhas verdes assobiavam ao vento. Às vezes esqueço-me de mim próprio antes disso, como se a minha infância não tivesse sido mais do que um sonho, e até custa acreditar que aquele quarto era como que o mesmo que este. Mas aquele dia foi ocasião de estar alegre. O quarto estava vazio de mim mas cheio de possibilidades. Em cima da minha secretária estava um pano esquecido que me fez aperceber de que o quarto tinha sido limpo recentemente, deixando uma nuvem de verniz no ar, um aroma simples e clássico, ...