Este poema também foi fácil de escolher, mas não necessariamente pela beleza dos versos em si. Desta vez escolhi-o simplesmente porque a terceira estrofe trouxe-me um momento proustiano, ressuscitou-me uma memória há muito perdida mas nunca completamente esquecida. E como além de meramente escrever aquilo que me vai na cabeça também ocasionalmente escrevo para relembrar, posso dizer que a missão foi cumprida. Na verdade toda a poesia de Fernando Pessoa, e talvez toda a poesia em geral, funciona um bocadinho assim, ou seja, é muito fácil esquecer os versos, mas sempre que regressamos a eles, até mesmo vários anos depois, somos relembrados de tudo imediatamente, num só momento que enche uma fração de segundo com mais memórias do que cabem em dez anos... Quanto a mim não passaram dez anos desde a última vez que visitei este poema, mas por acaso passaram sete. Isso até custa dizer, custa acreditar que passou assim tanto tempo... Escrevi dez na frase anterior só por soar bem usar um número...
Tryinta become a writer.