100!

This here is my one hundredth blog post. For someone more intense than me this might call for a celebration, but since I was never one for big celebrations, I instead celebrate with some time to reflect, time I might as well use somewhat productively by writing something down. So I write this, but just what is this really? In a way it's a cheat. Instead of writing a proper article as the special one hundredth I write just a little note, a reminder, a placeholder... But to be honest I'm a bit tired at this point, having gone through some busy months during which I still tried to be productive and managed to write all I had planned. But the reason for that is just a dumb OCD thing. When I started out this blog I wrote six articles in the first month, having then decided on that set number until the month of july when I managed to write ten. Sometime after I decided that on every third month I'd write only four so as to relax a bit, until I realized the next july was upon me, and that if during said month I were to write ten articles I'd reach one hundred exactly. So I did just that, simply to mark the end of a cycle, to repeat patterns because they can be so interesting and comfortable, just to give myself a tiny illusion of control... And now, having reached one hundred blog posts, what's next?

I think I wanna slow down a bit, at least in here. I desperately need to finish my third book, which is extremely close to being finished, though that closeness only makes me feel very far away. It's a constant paradox of feeling like I have all the time in the world but also that time is running out and that everything else I do is a colossal waste of it. Time is either the most scarce resource in the world or the most abundant, there's no in-between. Either way, if I were to stop writing I'd have nothing to do with myself, and because I remember past days like that, I know I don't wanna return to them. Which is good because I still have a lot of ideas, and though this one is something of a formal sigh, I'll be back with more. The only question is when, and the only answer is soon.

Until then I'll keep going, though easing up a bit now because I'm either too busy or too bored. But I won't stop, free time is what has now become something of an illusion, and since for the first time in my life I value my time, I also feel too timid to ask for someone else's time. I feel I have to earn it on my own merits, even though earning it feels more like setting a trap. It's as if this blog of mine is a web in which I wait for unsuspecting bugs... Is it a good idea to compare my non-existent readers to bugs stuck in a web? No, maybe it isn't, but I'll do it anyway because the metaphor works, and because much like a spider I don't ask for much more than my own silent corner in which I spin my webs, one hundred of them so far and hopefully quite a few more in the future.

Now I feel myself slipping into nostalgia, slipping into thoughts of last year to measure up how life then mirrors life now. And because I'm currently too preoccupied with all sorts of stuff, I think it is not expedient for me to while away the time with such thoughts, so instead I'll end this brief reflection right now, and in the meantime, as always, I'll try to think of something better to do.

Thanks.

Este aqui é o meu centésimo artigo neste blog. Para alguém mais intenso do que eu isto seria digno de uma celebração, mas como eu nunca fui muito de grandes celebrações, celebro antes com algum tempo para refletir, tempo que mais vale usar de forma mais ou menos produtiva ao escrever qualquer coisa. Então escrevo isto, mas o que é isto mesmo? De certa forma é uma batota. Em vez de escrever um artigo a sério como o especial centésimo escrevo apenas uma pequena nota, um lembrete, um marcador... Mas para ser honesto estou um bocadinho cansado a esta altura, tendo atravessado uns meses ocupados durante os quais ainda tentei ser produtivo e consegui escrever tudo o que tinha planeado. Só que o motivo disso é só uma coisa obsessivo-compulsiva estúpida. Quando comecei este blog escrevi seis artigos no primeiro mês, tendo então decidido nesse número fixo até ao mês de julho durante o qual consegui escrever dez. Algum tempo depois decidi que a cada terceiro mês escreveria apenas quatro para relaxar um bocado, até que me apercebi de que o julho seguinte estava perto, e de que se durante esse mesmo mês eu escrevesse dez artigos chegaria ao centésimo exatamente. Então fiz exatamente isso, simplesmente para marcar o final de um ciclo, para repetir padrões porque eles às vezes são tão interessantes e confortáveis, só para me dar uma pequena ilusão de controlo... E agora, tendo chegado a cem artigos, o que acontece a seguir?

Acho que quero abrandar um bocado, pelo menos por aqui. Preciso desesperadamente de terminar o meu terceiro livro, que está extremamente próximo de ser concluído, ainda que essa proximidade só me faça sentir muito longe. É um constante paradoxo de sentir que tenho todo o tempo no mundo mas também de que o tempo se está a esgotar e de que tudo o que faço é um colossal desperdício dele. O tempo é o recurso mais escasso no mundo ou o mais abundante, não há meio-termo. De qualquer das formas, se eu parasse de escrever não teria nada para fazer comigo mesmo, e porque me recordo de dias passados assim, sei que não quero regressar a eles. O que é bom porque ainda tenho muitas ideias, e embora esta seja algo como um suspiro formal, regressarei com mais. A única questão é quando, e a única resposta é em breve.

Até então continuarei, embora abrandando agora um pouco porque estou demasiado ocupado ou demasiado aborrecido. Mas não pararei, tempo livre é o que se tornou agora algo como uma ilusão, e como pela primeira vez na minha vida valorizo o meu tempo, também me sinto demasiado tímido para pedir pelo tempo livre de mais alguém. Sinto que tenho de o merecer com os meus próprios méritos, embora merecê-lo se pareça mais como montar uma armadilha. É como se este meu blog fosse uma teia na qual eu espero por insetos distraídos... É boa ideia comparar os meus leitores não-existentes a insetos presos numa teia? Não, talvez não seja, mas vou fazê-lo na mesma porque a metáfora resulta, e porque muito como uma aranha eu não peço por muito mais do que o meu canto sossegado no qual giro as minhas teias, cem delas até agora e espero que muitas mais no futuro.

Agora sinto-me a cair em nostalgia, a cair em pensamentos do ano passado para medir como é que a vida da altura espelha a vida de agora. E porque estou presentemente demasiado preocupado com todo o tipo de coisas, acho que não é expediente para mim deixar passar o tempo com tais pensamentos, por isso terminarei esta breve reflexão agora mesmo, e entretanto, como sempre, tentarei pensar em algo melhor para fazer.

Obrigado.

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Paulo Seabra

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