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Showing posts from August, 2021

A Sincronicidade é uma Coisa Estranha

E para além de ser uma coisa estranha é também uma coisa à qual muitas vezes me refiro mesmo sem saber bem o que é... Pelo menos a maneira como várias vezes a ouvi ser definida é essencialmente a ideia de coincidências significativas, ou seja, é uma espécie de meio-termo entre tudo o que nos acontece ser totalmente aleatório, e tudo o que nos acontece ser totalmente predeterminado e sujeito às leis de um destino implacável. Então a sincronicidade seria um bocadinho de cada lado, seria a ideia de que a cada um de nós acontecem coincidências aleatórias que estavam predeterminadas, mas que só aconteceram devido a certas ações específicas, e que em tudo isto somos forçados a escolher que sim ou que não. Isso faz sentido? Eu gosto de pensar que sim mas também me ocorre que não só que não sou bom a explicar isto, assim como também não percebo nada disto. A única coisa que percebo é de que, bem lá no fundo, ninguém gosta de viver com a crença de que tudo o que lhe acontece, de que todos os mo...

Não Consigo Desperdiçar Tempo Como Dantes Fazia

Houve uma altura na minha vida, talvez durante a maior parte da minha vida, em que procrastinar, ou apenas não querer saber do tempo, foi-me um tema recorrente. Tão recorrente aliás que na altura nem me apercebi da sua omnipresença... Era comum passar dias inteiros não só sem fazer nada de especial como também sem sequer ter quaisquer planos para mudar isso. Passava dias e semanas e meses a ler livros que não me interessavam, ou a ver filmes e séries só porque sim, ou a ver vídeos no YouTube sobre coisas à sorte e de certa forma tão estúpidas que às vezes me faziam pensar que já não tinha idade para aquilo. Na verdade, muito mas mesmo muito de vez em quando surgiam-me pensamentos assim, imaginava o que os meus amigos da universidade estariam a fazer da vida e concluía que de certeza absoluta que não estavam a fazer o mesmo que eu, que estavam a construir os seus futuros, uma pedra de cada vez, até que eventualmente obtinham uma independência que a mim me iludia por completo. Mas agora,...

Meditações sobre “Em Busca do Tempo Perdido VII – O Tempo Reencontrado”

Foi justamente no verão passado que decidi ler os dois primeiros volumes desta obra, com o intuito de escrever um ensaio compreensivo sobre cada um deles até ao verão seguinte. O objetivo dessa decisão foi em parte porque agora que escrevo um blog preciso sempre de novas ideias, e por outra parte foi porque queria compreender Marcel Proust em maior detalhe, e por outra parte ainda foi porque simplesmente me fez sentido ler Do Lado de Swann e À Sombra das Raparigas em Flor no verão... Porque há simplesmente algo de verão nesta obra, algo quente e confortável, talvez porque é uma obra sobre a saudade e, com exceções, é no verão que encontramos os melhores momentos do nosso passado, ou se não for no verão é pelo menos no sol e no céu, que na nossa memória, mesmo em dias de inverno, relembramos sempre como pertencentes a uma tarde de verão... Então eu li esses dois primeiros volumes no verão passado e deixei os subsequentes, O Lado de Guermantes e Sodoma e Gomorra, para o interlúdio qu...